O Brasil é o quarto maior poluidor de plástico do mundo: saiba como diminuir esses números no cotidiano
A problemática do plástico começa logo na sua produção. A sua matéria prima é, majoritariamente, petróleo, cuja extração em si já impacta o ambiente contaminando água e ar.
De forma geral, os produtos desse material apresentam uma curta vida entre sua produção, seu uso e seu descarte, o que implica outro problema: por ser altamente resistente a fungos e bactérias, o plástico demora em torno de 400 anos para se decompor. Estima-se que em 2050 haja mais plástico no oceano do que peixes. Combater essa estimativa é de vital importância para todos. Aqui, mostraremos como você pode fazer isso:
Reciclar é a saída?
Dentro da indústria petroquímica há uma enorme variedade de tipos de plásticos. Dos quais, de acordo com a sua permeabilidade, flexibilidade e principalmente durabilidade, muitos não são recicláveis, o que impede sua reinserção na cadeia produtiva. Porém, avanços tecnológicos caminham para amenizar esta realidade.
Guilherme Coral, engenheiro responsável pela Cooperativa de reciclagem Coopeco e membro da ASCAM (Associação dos Catadores de Materiais Recicláveis de Bauru e região), relata que antes só conseguiam reciclar o Isopor ICF (bloco) enquanto o de uso para embalagens era descartado. Hoje, a Coopeco tem a única máquina da região capaz de desmontar todo tipo de isopor para sua venda.
Os materiais de origem plástica que podem ser reciclados são:
- PET: garrafas e embalagens (tinturas rosas e vermelhas podem impedir a reciclagem)
- PEAD: embalagens de alimentos, sacolas plásticas, embalagens de produtos de limpeza, paletes plásticos e alguns materiais de construção civil
- PVC: materiais de construção civil, cartões magnéticos e embalagens
- PEBD: sacolas plásticas, filmes para envolver produtos, sacos de lixo e bolsas de soro
- PP: brinquedos, autopeças e embalagens industriais (Ao ser metalizado, sua reciclagem é inviabilizada)
- PS: caixas de DVDs e CDs, produtos médicos e isopor
Mesmo conhecendo amplamente esses materiais, hoje menos de 3% do lixo reciclável produzido no Brasil é reciclado. Mas ainda há medidas que podemos tomar para mudar esse cenário:
Medidas de combate ao uso de plástico:
Para Guilherme, o lixo é uma responsabilidade compartilhada. Por isso, cabe a cada consumidor cuidar de seu consumo e velar pelo descarte apropriado do seu lixo. Essas são algumas das medidas que pode seguir em casa para fazer a sua parte:
- Usar materiais menos danosos ao meio ambiente: embalagens de papelão, vidro e até plásticos biodegradáveis. Caso não encontre essas embalagens disponíveis, procure embalagens que sejam recicláveis. Materiais aptos para a reciclagem são identificados pelas três setas.
- Ir além das embalagens: consumir produtos do dia-a-dia cujo tempo de vida seja maior e/ou cuja produção seja sustentável a fim de descartar o mínimo possível. Hoje há um crescente mercado de alternativas sustentáveis de produtos contaminantes, como é o caso de: substituir a esponja de cozinha, cujo material não é reciclável, pela bucha vegetal; o absorvente descartável pelo coletor ou absorvente reutilizável.
- Repensar: Avaliar nossos hábitos de compra é um grande passo para impactar positivamente no ambiente. Ao levar em consideração a verdadeira necessidade de um produto você pensa duas vezes antes de comprá-lo, e consequentemente, descartá-lo.
- Cozinhar mais: comprar alimentos e cozinhar em casa não só é um benefício para a saúde e para o bolso, mas também para o meio ambiente. Fast foods e restaurantes tendem a ter um consumo de descartáveis muito alto e com as questões sanitárias exigidas pela pandemia, a situação piorou.
- Não danifique o que pode ser reciclado: para Coral, uma higienização superficial do material é o suficiente, mas caso ele seja contaminado por óleos ou tintas, sua reciclagem pode ser descartada.
- Separar o lixo: sabemos que algumas vezes o uso desses materiais é inevitável. Por isso, a separação correta deles e seu descarte é muito importante. Além de ser fonte de renda para catadores, que vendem o material que se reintegra à cadeia produtiva. Por ser uma responsabilidade compartilhada, cabe ao poder público cuidar dos dejetos do local. Procure saber como é feita a coleta seletiva no seu município.
- Cuidados na pandemia: caso haja contaminação pelo vírus, o recomendado é que o lixo seja mantido por até 4 dias antes de ser depositado para a coleta, e se ele estiver exposto ao sol, o tempo de vida do vírus é diminuído.
Ainda há muito a ser feito, mas cada passo tomado em cada casa é capaz de mudar a realidade de pouco em pouco, por isso, também cabe ao consumidor exigir mudanças das indústrias que ele consome. Diante da pressão, muitas multinacionais estão repensando seu impacto e seu papel na corrida da sustentabilidade.
Tudo graças ao papel do consumidor. Faça sua parte!